quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Obediência e Abundância

Em Mateus 5:20-48, Jesus, nas palavras de Dallas Willard," [faz] a exposição da "bondade que excede" , que anda lado a lado com a bem-aventurança da vida eterna(...)

Jesus exorta-nos a amar os inimigos e a exprimir esse amor pelo mais sublime acto de amor, a oração. "Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos" (Mt 5:44-45). (...)

Ao concluir com o amor-caridade (agapé) que caracteriza o Pai, ele foi além dos actos e exemplos específicos da bondade do reino. O amor não exemplifica, mas simplesmente é a bondade que excede a dos escribas e fariseus. Todos os exemplos que Ele deu nas várias situações apresentadas em Mt 5:20-48 são ilustrações desse amor-caridade.

Nele alcançamos a vívida união com o reino dos céus, nele entramos plenamente no reino.(...) Nessa união descobrimos o amor como força vital que se exprime das muitas maneiras mencionadas por Paulo em 1 Coríntios 13. Mas essa bela passagem de Paulo é comumente compreendida de modo equivocado, exactamente do mesmo ângulo legalista pelo qual se interpreta o Sermão do Monte de Jesus. (...)
As pessoas geralmente lêem essa passagem, e são ensinadas a fazê-lo como uma lei que impõe que elas sejam pacientes, benignas, livres de ciúmes e assim por diante - assim como crêem que o Sermão de Jesus ordena que não chamem os outros de tolos, não olhem para uma mulher com luxúria, não jurem, andem a segunda milha, etc.

Mas Paulo está claramente dizendo - observem as palavras dele - que é o amor que faz essas coisas, não nós, e que o que devemos fazer é " seguir o amor" (1Co 14:1). Quando "agarramos" o amor, descobrimos que afinal já estamos fazendo todas essas coisas. Essas coisas, essas atitudes e actos piedosos, são consequência de viver no amor. Nós nos tornamos então pessoas pacientes, benignas, livres de ciúmes, etc. A mensagem de Paulo é exactamente a mesma de Jesus. E não é de admirar que, como Paulo sempre foi o primeiro a admitir, ele tenha aprendido o que ensinava com Jesus (Gl 1:12).


Será difícil fazer as coisas com que Jesus ilustra a essência do amor do reino? Ou as coisas que, segundo Paulo, faz o amor? É de facto muito difícil se você ainda não se tranformou essencialmente no âmago do seu ser, nas complexidades dos seus pensamentos, sentimentos, convicções e disposições, a ponto de estar totalmente impregnado de amor. Uma vez que isso aconteça, deixa de ser difícil. Então, na verdade, seria difícil agir como você agia antes.

Quando Jesus orou na cruz - "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" -, isso não foi difícil para Ele. Difícil teria sido amaldiçoar os seus inimigos(...)

[Jesus] chama-nos para si a fim de se doar a nós. Ele não nos convoca a fazer o que Ele fez, mas a ser como Ele foi, impregnado de amor. Então fazer o que Ele fez e disse para a ser a expressão natural de quem somos Nele.


Dallas Willard, em "A Conspiração Divina"

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